Para muitos, a série Mad Men é uma das maiores lições para os profissionais do universo da publicidade. Descubra porquê.

A série Mad Men já tem mais de uma década, mas para muitos continua a ser “A” série que qualquer profissional ou aspirante da área da publicidade deve ver obrigatoriamente.

Do elenco ao enredo, passando pelas principais lições que podemos retirar daqui, descubra as razões pelas quais Mad Men continua a prender tantos criativos ao ecrã.

As histórias de uma agência de publicidade

Da autoria de Matthew Weiner, Mad Men retrata o quotidiano de uma série de profissionais que trabalham numa agência de publicidade chamada Sterling Cooper, em Nova York, na década de 1960.

A agência está a ter um enorme sucesso, mas o jogo da publicidade torna-se altamente competitivo à medida que a indústria se vai desenvolvendo. A agência deve conseguir adaptar-se para garantir a sua sobrevivência.

Esta série, além de retratar a vida de profissionais ligados à Publicidade, torna-se um retrato da cultura e da sociedade norte-americana nos anos ’60. Tabagismo, alcoolismo, sexismo, adultério, racismo e feminismo são alguns dos temas abordados ao longo de Mad Men, a par da criatividade e do ramo publicitário.

O primeiro episódio de Mad Men foi transmitido em julho de 2007, conta com um total de 7 temporadas e 92 episódios. A produção chegou ao fim em maio de 2015, mas ainda hoje continua a conquistar fãs, especialmente dentro do universo da publicidade. Além dos fortes elogios e críticas positivas, Mad Men foi vencedora de vários prémios, incluindo 16 Emmys e 5 Globos de Ouro.

Veja o trailer oficial aqui e assista à série completa na Amazon Prime.

Quem eram os Mad Men?

Todo o elenco desta série é apontado como “espetacular”, onde os atores dão vida a estas personagens de uma forma única, realçando as suas personalidades e características marcantes.
As personagens principais são John Hamm (Don Draper), January Jones (Betty Draper), Elizabeth Moss (Peggy Olson), Vincent Kartheiser (Pete Campbell) e Christina Hendricks (Joan Holloway).
O destaque vai para o protagonista, Don Draper, interpretado por Jon Hamm, é um executivo talentoso, mas os segredos do passado e do presente ameaçam derrubar o seu trabalho e até a sua vida familiar. Este personagem é inspirado no lendário publicitário de Chicago, Draper Daniels, criador da Leo Burnett que inventou o Marlboro Man.
Segundo Victor Palandi, autor do livro Copywriting Descomplicado, “esta personagem retrata o início da popularização do Copywriting nas agências”.
Betty Draper surge como esposa do protagonista, ex-modelo, obcecada com a sua imagem e representa a clássica dona de casa da década de 60.
Já Peggy Olson é uma funcionária da agência e secretária de Don Draper. É uma das figuras mais marcantes da série uma vez que, apesar das dificuldades que enfrenta, se torna a primeira mulher redatora a ocupar este lugar, desde a Segunda Guerra Mundial.

O ator Vincent Kartheiser dá vida a Pete Campbell, um Account Júnior que persegue sexualmente Peggy. Não é bem-visto pelos seus superiores, especialmente pelas táticas não-éticas para subir na carreira, mas é mantido na agência por pertencer a uma família com poder em Manhattan.
Joan Holloway é gestora dos escritórios da famosa agência publicitária e a mentora (social e profissional) de Peggy. Esta personagem representa o papel de femme fatale, que atrai os homens da agência. Apesar de ser muito inteligente e capaz, sente-se frustrada a nível profissional e não consegue avançar na carreira.
Ainda no elenco, podemos encontrar o ator John Slattery, que dá vida a Roger Sterling, um bom amigo de Don Draper e ex-fuzileiro naval, altamente preconceituoso e cínico. Tenta encontrar no adultério e na bebida uma escapatória.

Por fim, temos Bert Cooper. Uma personagem excêntrica, um apaixonado por arte e sócio fundador da Sterling Cooper.

A publicidade aos olhos de Mad Men

Durante a série observa-se a forma como a publicidade representa uma saída corporativa para a criatividade de um homem jovem, branco e de classe média.
Além de observarmos algumas “pistas” sobre o futuro e as mudanças radicais da década de 1960, as personagens também retratam as agitações e alterações do próprio setor da publicidade, com a campanha “Think Small” do Volkswagen Fusca mencionada e desmentida por muitos na Sterling Cooper. Podemos ainda assistir à capacidade de Don Draper em ver o valor nostálgico e o potencial de mercado de renomear o projetor de slides da Kodak para Kodak Carousel.
A grande questão que se coloca é: o que podemos retirar desta série e porque conquistou tantos fãs do ramo?

4 lições de publicidade que podemos retirar da série

1. A importância da comunicação bilateral
Mad Man começa com uma lição muito importante: a importância do networking e da comunicação bilateral. Logo na primeira cena, Don Draper está num restaurante e começa por perguntar ao empregado de mesa o que é que ele acha sobre os cigarros que fuma e porque é que ele optou por aquela marca?
Ao conversar diretamente com um consumidor do produto que ele está a publicitar, consegue obter vários dados relevantes sobre o perfil dos consumidores, sobre o posicionamento do produto e até da marca, dos hábitos de consumo. Don Draper conseguiu perceber de imediato se o empregado de mesa opta por aquele tabaco pela qualidade, pelo hábito, pelo preço, pela marca, etc.
Isto demonstra que abrir mais o diálogo de forma que o consumidor, que é quem usa um produto ou serviço no seu dia a dia, possa dar feedback às marcas permite entender melhor o seu público e ajustar as suas estratégias em função disso.

2. Humanizar a empresa
Ao longo de toda a série podemos observar a forma como Don Draper recorre a exemplos e experiências pessoais para se conectar com o público. E isto é uma das lições mais importante da Mad Man.
Quanto mais humana uma marca se apresenta, maiores são as possibilidades de criar conexões reais com os clientes. As pessoas são guiadas pelas emoções e são seres sociais, pelo que quando as marcas estimulam esse lado mais humano, é possível criarem-se relações mais próximas.

3. Pensar fora da caixa
Ao longo de Mad Man é possível perceber claramente o que torna Don Draper um publicitário de sucesso: a criatividade e a diferenciação.
O protagonista procura sempre encontrar soluções inovadoras para os problemas que surgem tanto na agência como nas campanhas que criam.
Um dos exemplos disto é a campanha de marketing que criaram para a Lucky Strike. Mesmo estando ciente de ter de lidar com toda a repercussão dos efeitos nocivos dos cigarros, Don Draper conseguiu obter bons resultados ao destacar o grande diferencial da marca: o tabaco tostado.

4. O cliente está sempre em primeiro lugar
Don Draper possui uma característica que o torna num profissional de excelência: a sua capacidade de conseguir perceber o que é que as pessoas querem e, no fim, entregar algo que vai muito além disso. Esta é outra das grandes lições de publicidade que podemos retirar de Mad Man e que permite atrair e fidelizar mais consumidores.
Toda a experiência criada contribui para melhorar a perceção em relação à sua marca. E o sucesso de um negócio pode viver ou morrer pela experiência dos clientes. Isto significa que garantir a satisfação dos consumidores, colocá-lo em primeiro lugar e tentar superar as suas expectativas, é fundamental para ter sucesso em qualquer mercado, especialmente nos mais competitivos.

Algumas curiosidades extra sobre Mad Men

  • A Sterling, Cooper & Partners, agência fictícia onde se desenvolve toda a história de Mad Men, teve 83 clientes como Kodak, Heineken, Cadbury, Pampers, Chevrolet, Avon e Sheraton. Uma excelente estratégia destas marcas para fazerem publicidade.
  • A emblemática abertura da série, em que Don Draper cai de um edifício, é baseada no cartaz do filme Vertigo, de 1958, de Alfred Hitchock.
  • O cigarro torna-se omnipresente nas cenas da série. Mas, na verdade, trata-se de cigarros falsos.
  • O ator John Slattery, que interpreta Roger Sterling, inicialmente, foi cotado para representar Don Draper.

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